sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tratar as Não Conformidades é Muito Bom!

Na sequência da sondagem, o post prometido:

Para lidar com a resistência dos colaboradores no registo/tratamento das não conformidades, aqui vai uma estratégia para aplicar na sua empresa.
 
De acordo com a norma ISO 9000:2005, não conformidade é a não satisfação de um requisito.
 
Logo aí, na definição, está implícita uma certa carga negativa: não satisfação, não cumprimento, não...; é natural rejeitar os aspetos negativos da vida e, o trabalho não escapa a esta regra. Seria bem melhor se as não conformidades não existissem ou, melhor ainda, se desaparecessem espontaneamente, bastando para isto, ignorá-las.
 
Bem, voltando ao mundo real, as não conformidades existem e, os pequenos problemas tornam-se grandes problemas, se não atuarmos a tempo.

Mas há uma boa notícia: as não conformidades podem ser uma grande oportunidade para melhorar a Qualidade! Sendo assim, toca a tirar o melhor partido possível destas situações, aprendendo com os erros e, progressivamente, contribuindo para a melhoria contínua e para a redução dos custos das falhas.
 
1. O primeiro passo é dar formação para todos os colaboradores, explicando e ilustrando através de exemplos, os conceitos envolvidos:
  • A não conformidade (não esquecendo de incluir as reclamações, como não conformidades detetadas e manifestadas pelos clientes!);
  • A correção: ação para eliminar a não conformidade; tem sempre um cariz imediato, para repor a situação e impedir maiores consequências;
  • A ação corretiva: ação para eliminar a causa de uma não conformidade; envolve um trabalho mais sitematizado para identificar a(s) verdadeira(s) causa(s) do problema. Só as ações que eliminam esta(s) causa(s) - as ações corretivas - impedem que o problema se repita;
2. Após a clarificação dos conceitos, passar à importância de registar as não conformidades para criar uma evidência, uma memória documentada, que é a única alternativa para aprender com os erros (todos sabemos que a memória é curta e, sem os registos...);
 
3. Dissociar o tratamento das não conformidades, da CULPA: este processo não procura os culpados; as não conformidades não estão associadas às pessoas; é preciso perder o receio de registar os próprios erros ou os erros que envolvem outros colegas. O que se pretende é a responsabilização e o trabalho em equipas, para que as ações corretivas sejam eficazes.
 
4. Criar previamente, as condições favoráveis aos registos: tenha a certeza de que todos utilizam a mesma linguagem; disponibilize ajudas visuais para auxiliar na identificação de não conformidades nos produtos; elabore formulários claros, objetivos e de preenchimento simples.
 
A partir daqui, mãos à obra e boa sorte!
 
 
 
Happy problems,
I Love Mondays



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2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Maria,

Aproveito para a felicitar pelo excelente blog e pelos temas pertinentes que aborda.

Gostaria de soltar um questão associada à CULPA.

O tema da culpa nunca me tinha surgido até à minha última experiencia profissional em 2012, quando numa reunião de gerência logo ao final de 2 meses de trabalho o Diretor Comercial comentou que a Qualidade só servia para apontar o dedo.

Nesse mesmo momento tomei a liberdade de abrir um registro e mostrar em projeção a estrutura de estudo e resolução de NC e escolher um exemplo (abreviadamente: problema, causa raiz, medidas imediatas e ações corretivas, responsáveis pela implementação da ação e prazos, entre outros detalhes) e questionei onde se estava a apontar o dedo?

Não obtive qualquer resposta e até ao dia em que saí da empresa, já com a certificação ISO 9001 e o apoio de toda a primeira linha no tema Qualidade, esta pessoa nunca aceitou a Qualidade na perspetiva de melhora contínua e tratamento de não conformidades e sempre o vislumbrou como culpabilização.

Alguma ideia de como ultrapassar este tema particular, tendo em conta a sua vasta experiencia?

Cordialmente,
CM

I Love Mondays disse...

Muito obrigada pelo seu comentário. Fico muito feliz e honrada em saber que dedica o seu tempo a ler o blog e que o projeto Blog I Love Mondays pode acrescentar valor a outros profissionais.

Quanto ao caso que apresenta, achei a sua abordagem muito adequada, mostrando as vertentes do tratamento das não conformidades e reforçando que não estão relacionadas com culpa.

Para lidar com a resistência à mudança, há várias estratégias, uma delas é convidar os colaboradores mais resistentes, para que participem e colaborem na implementação do SGQ, elaboração de documentos, etc; às vezes funciona pois, este envolvimento inibe um pouco a resistência.

Contudo, sabemos que há sempre uma pequena percentagem de pessoas que vai resistir à mudança e nunca vai aderir a projeto nenhum. Neste caso, não vale a pena gastar as energias a tentar mudar mentalidades; temos que saber reconhecer que estamos perante os resistentes e, simplesmente ignorá-los, seguindo com o projeto sem a sua participação.

Espero ter ajudado, abraços, Mari.